Cadeira Nº – 11 Patrona Maria Huga de Souza Lopes

Foto: Núbia Menezes.

MARIA HUGA DE SOUZA LOPES

Por Maria Dilma de Morais

1 ORIGEM:

Maria Huga de Souza Lopes ou mãe Huga como era carinhosamente chamada, nasceu aos 29 de abril de 1936 em Gov. Dix-sept Rosado, única sobrevivente de uma prole de vários irmãos que morreram nos primeiros meses de vida, filha de Francisca Rodrigues de Souza e Careolano Lopes. Viveu sua infância, juventude e grande parte da vida adulta, residindo na Rua Vicente Borges nesta cidade. Cedo ficou órfã de pai, e viveu com sua mãe todas as dificuldades da vida pobre e sofrida. Era comum ouvi-la repetir essa frase “Todos os meus irmãos morreram, ficou somente eu viva, para sofrer.”

2 UM EXEMPLO DE VIDA:

Na sua vida sofrida estudou apenas as séries iniciais do 1º grau, mas não lhe faltaram inteligência e vontade de vencer. Com a inauguração da Maternidade Onzieme Rosado, por volta dos anos 60, ela arranjou um emprego e começou a exercer a profissão de enfermeira, oficio que embora com seu pouco estudo o fazia com muita competência. Por intermédio de uma parteira que aqui vinha prestar seus serviços, ela aprendeu a da assistência a mulheres na hora do parto; e com esse intuito foi para Mossoró, fazer um curso de parteira e aprimorar seus conhecimentos em enfermagem, ficando apta ao exercício da profissão que abraçou com tanto amor, começando assim a sua grande e bela missão. Saia de sua humilde residência a qualquer hora do dia ou da noite para atender as mulheres na hora do parto, enfrentava sol e chuva, a pé, de bicicleta, de carroça, no lombo de um jumento ou cavalo que eram os transportes mais comuns na época, e, lá se ia a nossa querida mãe Huga não importava a distância ou a hora, andava de norte a sul de leste e a oeste desse município sempre a servir com um sorriso no rosto e a alegria de estar ajudando ao próximo. A cada criança crianças que ajudaria a nascer com muito orgulho ela dizia hoje completou tantos… Em 1970 fundou-se a primeira escola de 1º Grau maior Ginásio Dixseptiense, hoje Educandário Dixseptiense, ela matriculou-se na primeira turma da escola e concluiu o Ensino Fundamental passou a ser funcionária do Estado lotada na Secretária de Saúde, na profissão de enfermeira, porém continuava com menor intensidade a sua profissão de parteira. É valido salientar que ela nada cobrava por esse oficio, algumas pessoas de mais posse a ajudavam por vontade própria, outras davam-lhe apenas carinho a amizade. Nunca casou-se nem teve filhos de suas entranhas, mas sentia prazer em dizer que tinha uma legião de filhos por todos os recantos do nosso município. Afirmava quem eram mais de 2.000. Além disso ela também receitava remédios para pequenas enfermidades, como na cidade não havia médico, todos a procuravam e se curavam.

Na década de 1990 perdeu sua mãe e companheira após um longo período de sofrimento, uma profunda tristeza se abateu sobre ela. Com a aproximação da velhice chegavam vários sintomas; problemas de audição, visão, memória, mudou-se para várias ruas. Por volta de 2012 foi internada por familiares no abrigo Amantino Câmara em Mossoró onde morreu em março de 2016.