Cadeira Nº 3 – Patrono João Jacinto da Costa

Foto: Fornecida pela Família e restaurada por Agacê Di Oliveira

JOÃO JACINTO DA COSTA

Por Maria das Graças Costa Amorim

1 MEMÓRIA[1]

Há cinquenta anos passados

“Aos treze anos de idade, em 1898 e 1899, reitasei a Escola Pública do Prof. Manoel Antônio de Albuquerque Pai Vobis, localizada no Alto da Conceição”

“Por causa das grandes obrigações que tinha na casa de meus pais, somente durante seis meses pude ouvir as aulas do Prof. Albuquerque. Acalentava, porém o ardente desejo de aprender a ler e escrever. As horas vagas aproveitavam-se todas em exercícios.”

“Guardo, ainda, na memória, a lembrança do meu velho professor Manoel Antônio de Albuquerque. Recordo-o ainda, na sua campanha pró construção de uma capela de Nossa Senhora da Conceição. Vejo-o ainda a dizer que faria um santuário para nossa Mãe Santíssima”

“Na minha mente infantil uma nota, porém se gravou mais do que qualquer outra: a horrível seca de 1898…”

“A 09 ou 10 de novembro de 1898, vindo de São Sebastião aqui chega o Coronel Manuel Joaquim de Oliveira… Disse procurar um menino para o seu balcão… Assim acertada a minha ida para São Sebastião. A 12 de março pelas 5 horas da manhã chega o Coronel à nossa casa…”

“Atravessamos o rio em uma canoa e descemos no patamar da capela de São Sebastião. Passamos por cima de umas calçadas velhas, cheias de altos e baixos e de pedras arrancadas e sempre por dentro d’agua atingimos a casa do Coronel; eram 8 horas da noite.”

“Na manhã de 13 de março de 1899, eu olhava para um e outro lado espantado e não via as ruas que imaginara. Aproximando-se um menino perguntei-lhe onde era a rua. Com um certo ar de Zombaria, o menino indagou “se eu não sabia o que era rua…”

“Eis o que encontrei no São Sebastião de 1899: Um começo de rua com 05 casas e uns pedaços de parede desabadas e cercadas d’agua, pois o rio inundara o povoado. Dias depois, vi mais 04 casas e a capela que ficava por trás de uma ponta de mata, pois esta chegava até dentro do povoado…”

“A velha capela de Sebastião Machado de Aguiar estava em abandono. As suas calçadas cobertas de mato, a água do rio ao seu pé, pelo lado de cima, as paredes riscadas e todas com a marca dos galhos de mufumbo que nelas encostavam, o teto desigual com uma parte mais baixa do que a outra, sem torre, o sino velho rachado, os altares de madeira, as portas dos corredores fechadas, por que eles estavam cheio de madeira, cal, esteiras, e lixo, os formigueiros, uns quase senhores absolutos do velho templo abandonado. Quando abriam a capela as formigas se espalhavam. Santo Deus! Ninguém sossegava.”

“Uma tropa ia buscar uma carga em Mossoró, gastava de ida e volta 15 dias, porque as chuvas não paravam.”

  • HISTÓRIA

João Jacinto da Costa, filho de Inácia Maria da Paixão e João Nepomuceno da Costa, nasceu a 03 de julho de 1985 e foi o quinto filho deste casal, sendo ela a décima neta de Simão Guilherme de Melo. Pai de 6 filhos, deixou descendência em Gov. Dix-Sept Rosado/RN.

João Jacinto da Costa, de menino vendedor (vê-se que tinha facilidade com as palavras) tornou-se a partir daí cidadão desta terra de São Sebastião e para os que conviveram com ele, era de paz, muito bem conceituado chegando num certo período a ser “Juiz de Paz” (nessa cidade) era cargo dado a um cidadão de bem que passava a resolver questões de desavenças entre a população local. 

Casou-se (em primeiras núpcias com Leonila) Isabel da Costa (segundo o mesmo, a mesma tinha nascido em 1975 – 10 anos antes dele). Morrendo Leonila o mesmo veio a casar uma 2º vez com Francelina…(não encontramos registros).

O seu falecimento se deu, no dia 06 de julho de 1974, após, três dias do seu aniversário de 89 anos.

Para quem conviveu com ele, deixou lembranças (e um legado) de grande sabedoria.

 Deduz-se ser João Jacinto da Costa um dos primeiros escritores – talvez o primeiro –  dix-septienses.


[1] “João Jacinto da Costa” – “Minhas Memórias de Santa Luzia do Mossoró” – Coleção Mossoroense – Folheto nº 03.